quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Imprensa:

«Mistérios religiosos

Ao entrar numa biblioteca perdida na enigmática cidade dos tuaregues, o arqueólogo israelita Isaac Cohen não imaginava que estava a enveredar por um caminho tão estranho quanto perigoso. Seria verdade o que dizia aquele velho manuscrito de um judeu toledano do século XV, que fugira da sua cidade por causa dos terríveis acontecimentos conhecidos como os Fogos da Madalena? Essa é a crença não só de Isaac, mas também do rabino Goodman, o fanático presidente da Corporação do Templo, cujo objectivo é arrasar as mesquitas - o coração muçulmano de Jerusalém - para construir sobre os seus alicerces o Terceiro Templo, a fim de que se cumpra a profecia bíblica que assinala a vinda do Messias. A Conspiração do Tempo é um romance cheio de suspense de Peter Harris.»

Expressões, 22 de Agosto de 2008
Imprensa:

«Espelho Meu
Cristina Sánchez-Andrade

"A Chanel era uma mulher muito controversa"

Numa biografia polémica sobre Coco Chanel, a escritora espanhola revela as origens humildes da estilista e conta tudo sobre a sua vida solitária. Cristina tornou-se muito conhecida a nível mundial devido a este livro, mas garante que também ela ajudou a fazer publicidade à marca.

O que a levou a contar num livro os pormenores mais insólitos da vida da estilista Coco Chanel?
A verdade é que me apaixonei pela história dela desde o primeiro instante, pois era uma mulher controversa. Tem pormenores fabulosos, mas o que verdadeiramente me impressionou foi o facto de uma mulher tão bem sucedida e famosa como ela ter morrido sozinha, aos 88 anos, numa suite de luxo do Hotel Ritz. Sem família nem amigos...

Ela não tinha relação com a família?
Era filha de um vendedor ambulante e de uma mulher que fazia o possível para arranjar comida para os filhos. Era muito nova quando o pai saiu de casa e, pouco depois, a mãe morreu. Nessa altura, teve de ir para um orfanato com os irmãos e foi lá que as freiras a ensinaram a costurar. Já na altura roubava os cortinados para fazer roupas extravagantes para a época. Sempre foi muito ambiciosa e não queria ficar no orfanato por muito tempo, por isso há um dia em que decide fugir e tentar a sorte em Paris. Lá, conhece as pessoas certas, abre uma loja de chapéus originais e rapidamente começa a dar que falar.

Quando se tornou uma pessoa bem sucedida nunca tentou entrar em contacto com os irmãos?
Não, ela tinha dois irmãos, mas tudo o que queria era esconder as suas origens humildes. Então, da única vez que falou com um deles foi para lhe oferecer muito dinheiro para estar calado e não revelar nada sobre o seu passado. Sempre que lhe perguntavam sobre a família dizia que tinha sido criada por umas tias muito ricas.

Era uma pessoa que vivia do glamour?
Sim. Ter êxito e viver naquele mundo de glamour era tudo para ela. Não descansava um segundo e, como não tinha família nem marido, refugiava-se no trabalho. Quando era jovem estava rodeada de muita gente, mas nunca sabia quem estava ao lado dela pelo seu dinheiro ou por amizade.

Quando é que ela começa realmente a ser famosa?
A loja de chapéus que abriu foi um sucesso desde o primeiro dia. E depois contou sempre com a ajuda dos amantes, de gente da aristocracia e de amigos como o Pablo Picasso, que sempre lhe reconheceu muito talento.

Das pessoas que a ajudaram contam nomes famosos como o duque de Westminster, de quem foi amante. Por que é que nunca assumiram uma relação?
Na altura em que eles tinham um "affair", o duque estava a ser muito pressionado para casar e ter descendência, mas acontece que como a Chanel não era de boas famílias nunca poderia casar com ela. Nesse ano circulavam umas listas com as suas possíveis noivas e, apesar de ele ter sido apaixonado pela Chanel, o nome dela nunca constou. Quando a imprensa lhe perguntava sobre o assunto, ela respondia sempre que duquesas de Westminster havia muitas, mas que Chanel só havia uma.

Nunca quis casar e ter filhos?
É verdade, ela teve muitos homens, mas o seu grande amor foi o primeiro, um aristocrata inglês, que morreu num acidente automóvel. Foi um desgosto enorme para ela e acho que o único homem de quem ela realmente gostou. Também foi amante de Dimitri Romanov, que liderou a revolução russa, mas nunca se envolveu demasiado nem demonstrou vontade de ter filhos. Acho que só se lamentou disso muito mais tarde, mas enquanto era jovem só vivia para o trabalho. Só pensava em criar, costurar e ter uma carreira de sucesso.

Aos 88 anos morreu sozinha, numa suite do hotel Ritz...
Sim, completamente só. Quando estava prestes a morrer pagou a algumas pessoas para estarem a seu lado a lerem algumas cartas antigas, só para ouvir barulho e sentir que não estava completamente só. Nessa altura, a única companhia que tinha era a da camareira do Ritz, que todos os dias lhe ia dar injecções para as artroses, problema de que sofria muito.

Se não tinha ninguém, a quem doou todo o dinheiro quando morreu?
Como não tinha descendentes deixou quase tudo a uma instituição de caridade.

O que a surpreendeu mais na personalidade de Chanel?
Que apesar de ser uma pessoa tão bem sucedida na vida, não tinha ninguém a seu lado, que viveu sozinha e morreu sozinha numa suite de luxo do Hotel Ritz, onde passou metade da vida, porque parecia muito chique. Acho que isto diz muito acerca da personalidade de uma pessoa.

Como é que a marca Chanel reagiu ao facto de ter feito uma biografia tão controversa?
Já disseram que eles me querem processar, mas não é verdade. Até agora não tive nenhum feedback, mas acho que para eles tudo é publicidade.

Acha que ela hoje se iria identificar com a linha da marca Chanel?
Acho que se ela visse isto não se iria identificar propriamente, mas a moda está sempre a mudar e é óbvio que eles teriam de se adaptar aos tempo modernos.

Por que decidiu lançar o livro, em Portugal, no ateliê de Fátima Lopes?
Porque me disseram que era uma das mais conehcidas estilistas portuguesas. Já a conheci, vi o espaço e gostei muito de algumas peças que me mostraram, muito arrojadas. Achei que era o local ideal.

É o terceiro livro que lança em Portugal, que ligação tem com o País?
Gosto muito de Portugal e guardo as melhores recordações de cá, principalmente quando era criança. Como sou de Santiago de Compostela, vinha a PortugaL várias vezes com os meus pais comprar toalhas, comer bacalhau e passear. Ficávamos normalmente hospedados na Guarda e eram das minhas férias favoritas.

Reflexo
O que vê quando se olha ao espelho?
Vejo uma mulher de 40 anos, escritora e, neste momento, muito feliz por estar a promover o meu novo livro em Lisboa.

Gosta do que vê?
Sim, uns dias mais do que outros, como toda a gente. Mas regra geral gosto.

Alguma vez lhe apeteceu partir o espelho?
Muitas vezes, quando vejo que estou a envelhecer e que a minha imagem já não é a mesma de quando tinha 20 anos, mas nunca cheguei a partir nenhum. Afinal, a idade não traz só rugas, mas também muitas coisas interessantes.

Quem gostaria de ver reflectido no espelho?
Gosto de ser como sou. Conheço pessoas muito interessantes e que admiro bastante, mas no espelho gosto de ver reflectida apenas a minha imagem, aquilo que verdadeiramente sou.

Pessoa de referência?
Os meus pais e o meu marido, por tudo aquilo que significam para mim.

Momento marcante na vida?
O nascimento dos meus filhos. Tenho quatro e são a coisa mais maravilhosa da minha vida.

Qualidade e defeito?
A minha maior qualidade é a constância e regularidade no trabalho. O principal defeito acho que é ser demasiado impaciente.»

Vidas, Correio da Manhã, 26 de Julho de 2008