segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Autor de Quero-te Muito em Portugal


Federico Moccia autor best-seller em Itália e em Espanha, estará em Portugal no dia 6 de Novembro para apresentar a obra Quero-te Muito, acabada de sair nas livrarias sob a chancela de O Quinto Selo Edições. Um mega-sucesso entre os adolescentes italianos, este autor é um verdadeiro fenómeno. Depois de o seu primeiro livro ter sido recusado pelas editoras, Federico Moccia fez uma edição de autor que esgotou rapidamente. A obra sobreviveu oito anos em fotocópias até que um dia foi parar às mãos de um produtor que logo viu o potencial da história, querendo adaptá-la ao cinema. O livro acabou por ser publicado por uma editora e o resto é história!


Não perca a oportunidade de conhecer o autor e de levar um exemplar autografado de Quero-te Muito para casa. A sessão terá lugar no Instituto Italiano de Cultura, na Rua do Salitre, n.º 146, Lisboa, a partir das 19h, e contará com a apresentação da jornalista e escritora Fernanda Freitas.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Novos títulos para breve:

Crepúsculo em Oslo, de Anne Holt
Colecção «Os Falcões»

Este é o segundo volume de uma trilogia de cortar a respiração.
Depois dos eventos de Castigo, Adam Stubø e Johanne Vik regressam, agora com uma filha recém-nascida a seu cargo, para resolver um assombroso mistério: várias celebridades têm sido encontradas mortas por toda a cidade de Oslo nas posições mais macabras possíveis. Enquanto, Stubø dirige o inquérito, Johanne é confrontada com o seu passado e com a terrível perspectiva de eles serem as próximas vítimas deste impiedoso assassino.


Quero-te Muito, de Federico Moccia
Colecção «Páginas de Amor e Paixão»

Step regressa de Nova Iorque, cidade onde se auto-exilou para se afastar da sua ex-namorada Babi, da memória da morte trágica de um amigo e da mãe com quem tem um relacionamento conflituoso. Ao chegar a Roma, descobre que nada é como recordava, as coisas mudaram...
Vai morar com o irmão, consegue introduzir-se no mundo do espectáculo com a ajuda do pai e reencontra-se com os amigos.
Entretanto, Step conhece Gin, uma rapariga bonita e decidida, com quem inicia uma linda história de amor. Mas Babi volta a entrar na sua vida e na cabeça de Step despertam velhos sentimentos e dúvidas: Babi ou Gin... Diante da casa de qual delas irá Step escrever finalmente “QUERO-TE MUITO”?

Quero-te Muito (Ho voglia di te, em versão original) foi adaptado ao cinema em 2007.

Veja aqui o trailer do filme:






Círculo Octogonus, Peter Harris
Colecção «Os Falcões»

Viaje até à Roma de 1939 e seja um espectador privilegiado de uma trama electrizante entre os maiores poderes alguma vez conhecidos!
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Imprensa:

«Mistérios religiosos

Ao entrar numa biblioteca perdida na enigmática cidade dos tuaregues, o arqueólogo israelita Isaac Cohen não imaginava que estava a enveredar por um caminho tão estranho quanto perigoso. Seria verdade o que dizia aquele velho manuscrito de um judeu toledano do século XV, que fugira da sua cidade por causa dos terríveis acontecimentos conhecidos como os Fogos da Madalena? Essa é a crença não só de Isaac, mas também do rabino Goodman, o fanático presidente da Corporação do Templo, cujo objectivo é arrasar as mesquitas - o coração muçulmano de Jerusalém - para construir sobre os seus alicerces o Terceiro Templo, a fim de que se cumpra a profecia bíblica que assinala a vinda do Messias. A Conspiração do Tempo é um romance cheio de suspense de Peter Harris.»

Expressões, 22 de Agosto de 2008
Imprensa:

«Espelho Meu
Cristina Sánchez-Andrade

"A Chanel era uma mulher muito controversa"

Numa biografia polémica sobre Coco Chanel, a escritora espanhola revela as origens humildes da estilista e conta tudo sobre a sua vida solitária. Cristina tornou-se muito conhecida a nível mundial devido a este livro, mas garante que também ela ajudou a fazer publicidade à marca.

O que a levou a contar num livro os pormenores mais insólitos da vida da estilista Coco Chanel?
A verdade é que me apaixonei pela história dela desde o primeiro instante, pois era uma mulher controversa. Tem pormenores fabulosos, mas o que verdadeiramente me impressionou foi o facto de uma mulher tão bem sucedida e famosa como ela ter morrido sozinha, aos 88 anos, numa suite de luxo do Hotel Ritz. Sem família nem amigos...

Ela não tinha relação com a família?
Era filha de um vendedor ambulante e de uma mulher que fazia o possível para arranjar comida para os filhos. Era muito nova quando o pai saiu de casa e, pouco depois, a mãe morreu. Nessa altura, teve de ir para um orfanato com os irmãos e foi lá que as freiras a ensinaram a costurar. Já na altura roubava os cortinados para fazer roupas extravagantes para a época. Sempre foi muito ambiciosa e não queria ficar no orfanato por muito tempo, por isso há um dia em que decide fugir e tentar a sorte em Paris. Lá, conhece as pessoas certas, abre uma loja de chapéus originais e rapidamente começa a dar que falar.

Quando se tornou uma pessoa bem sucedida nunca tentou entrar em contacto com os irmãos?
Não, ela tinha dois irmãos, mas tudo o que queria era esconder as suas origens humildes. Então, da única vez que falou com um deles foi para lhe oferecer muito dinheiro para estar calado e não revelar nada sobre o seu passado. Sempre que lhe perguntavam sobre a família dizia que tinha sido criada por umas tias muito ricas.

Era uma pessoa que vivia do glamour?
Sim. Ter êxito e viver naquele mundo de glamour era tudo para ela. Não descansava um segundo e, como não tinha família nem marido, refugiava-se no trabalho. Quando era jovem estava rodeada de muita gente, mas nunca sabia quem estava ao lado dela pelo seu dinheiro ou por amizade.

Quando é que ela começa realmente a ser famosa?
A loja de chapéus que abriu foi um sucesso desde o primeiro dia. E depois contou sempre com a ajuda dos amantes, de gente da aristocracia e de amigos como o Pablo Picasso, que sempre lhe reconheceu muito talento.

Das pessoas que a ajudaram contam nomes famosos como o duque de Westminster, de quem foi amante. Por que é que nunca assumiram uma relação?
Na altura em que eles tinham um "affair", o duque estava a ser muito pressionado para casar e ter descendência, mas acontece que como a Chanel não era de boas famílias nunca poderia casar com ela. Nesse ano circulavam umas listas com as suas possíveis noivas e, apesar de ele ter sido apaixonado pela Chanel, o nome dela nunca constou. Quando a imprensa lhe perguntava sobre o assunto, ela respondia sempre que duquesas de Westminster havia muitas, mas que Chanel só havia uma.

Nunca quis casar e ter filhos?
É verdade, ela teve muitos homens, mas o seu grande amor foi o primeiro, um aristocrata inglês, que morreu num acidente automóvel. Foi um desgosto enorme para ela e acho que o único homem de quem ela realmente gostou. Também foi amante de Dimitri Romanov, que liderou a revolução russa, mas nunca se envolveu demasiado nem demonstrou vontade de ter filhos. Acho que só se lamentou disso muito mais tarde, mas enquanto era jovem só vivia para o trabalho. Só pensava em criar, costurar e ter uma carreira de sucesso.

Aos 88 anos morreu sozinha, numa suite do hotel Ritz...
Sim, completamente só. Quando estava prestes a morrer pagou a algumas pessoas para estarem a seu lado a lerem algumas cartas antigas, só para ouvir barulho e sentir que não estava completamente só. Nessa altura, a única companhia que tinha era a da camareira do Ritz, que todos os dias lhe ia dar injecções para as artroses, problema de que sofria muito.

Se não tinha ninguém, a quem doou todo o dinheiro quando morreu?
Como não tinha descendentes deixou quase tudo a uma instituição de caridade.

O que a surpreendeu mais na personalidade de Chanel?
Que apesar de ser uma pessoa tão bem sucedida na vida, não tinha ninguém a seu lado, que viveu sozinha e morreu sozinha numa suite de luxo do Hotel Ritz, onde passou metade da vida, porque parecia muito chique. Acho que isto diz muito acerca da personalidade de uma pessoa.

Como é que a marca Chanel reagiu ao facto de ter feito uma biografia tão controversa?
Já disseram que eles me querem processar, mas não é verdade. Até agora não tive nenhum feedback, mas acho que para eles tudo é publicidade.

Acha que ela hoje se iria identificar com a linha da marca Chanel?
Acho que se ela visse isto não se iria identificar propriamente, mas a moda está sempre a mudar e é óbvio que eles teriam de se adaptar aos tempo modernos.

Por que decidiu lançar o livro, em Portugal, no ateliê de Fátima Lopes?
Porque me disseram que era uma das mais conehcidas estilistas portuguesas. Já a conheci, vi o espaço e gostei muito de algumas peças que me mostraram, muito arrojadas. Achei que era o local ideal.

É o terceiro livro que lança em Portugal, que ligação tem com o País?
Gosto muito de Portugal e guardo as melhores recordações de cá, principalmente quando era criança. Como sou de Santiago de Compostela, vinha a PortugaL várias vezes com os meus pais comprar toalhas, comer bacalhau e passear. Ficávamos normalmente hospedados na Guarda e eram das minhas férias favoritas.

Reflexo
O que vê quando se olha ao espelho?
Vejo uma mulher de 40 anos, escritora e, neste momento, muito feliz por estar a promover o meu novo livro em Lisboa.

Gosta do que vê?
Sim, uns dias mais do que outros, como toda a gente. Mas regra geral gosto.

Alguma vez lhe apeteceu partir o espelho?
Muitas vezes, quando vejo que estou a envelhecer e que a minha imagem já não é a mesma de quando tinha 20 anos, mas nunca cheguei a partir nenhum. Afinal, a idade não traz só rugas, mas também muitas coisas interessantes.

Quem gostaria de ver reflectido no espelho?
Gosto de ser como sou. Conheço pessoas muito interessantes e que admiro bastante, mas no espelho gosto de ver reflectida apenas a minha imagem, aquilo que verdadeiramente sou.

Pessoa de referência?
Os meus pais e o meu marido, por tudo aquilo que significam para mim.

Momento marcante na vida?
O nascimento dos meus filhos. Tenho quatro e são a coisa mais maravilhosa da minha vida.

Qualidade e defeito?
A minha maior qualidade é a constância e regularidade no trabalho. O principal defeito acho que é ser demasiado impaciente.»

Vidas, Correio da Manhã, 26 de Julho de 2008

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lançamento do livro Coco!


Ontem, pelas 19:00, teve lugar no elegante atelier de Fátima Lopes o lançamento de Coco, de Cristina Sánchez-Andrade, com a chancela de O Quinto Selo Edições. Coco é uma biografia romanceada de uma das maiores estilistas do século XX, Coco Chanel.

O editor Mário Moura procedeu à apresentação da autora e da obra. Assumindo-se como um apreciador, embora não conhecedor profundo, do mundo da moda, salientou a importância de Coco Chanel para o desenvolvimento do papel social, político e cultural da mulher ao longo do século XX. «Vestindo as mulheres, despiu-as de preconceitos», disse. Sublinhou o aspecto literário, para além da riqueza de pesquisa, do livro, apreciando a forma como revela a solidão fundamental desta grande figura. Anunciou ainda que Coco vem inaugurar a colecção «Passerele», dedicada à moda e a biografias de grandes estilistas.


De seguida, a autora Cristina Sánchez-Andrade partilhou com o público uma pequena exposição da obra. Explicou como sempre sentiu um fascínio por Coco Chanel - a estilista, a mulher de negócios e, simplesmente, a mulher – e como a história da sua vida se assemelhava a um romance. «A história já vinha dada», como disse. Esclareceu a sua decisão de escrever não uma biografia, pois já existem bastantes, mas antes um romance baseado na sua vida, enriquecido com os recursos da ficção baseados na sua exaustiva investigação do percuso de Coco Chanel. Destacou que a vida da estilista abrangia quase todo o século XX e que, assim sendo, a sua história era também a história do próprio sexo feminino ao longo do século – da sua emancipação, da sua força e também das suas tristezas.

À apresentação seguiu-se um beberete, durante o qual a autora teve oportunidade de conviver com todos os presentes e assinar alguns livros. A estilista Fátima Lopes foi uma anfitriã muito graciosa e simpática, mostrando-se ansiosa por ler o livro!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Crítica:

«Homens duros

Dashiell Hammett reinventou o romance policial. Tirou-lhe em sangue e violência o que lhe deu em cinismo e ironia. José Riço Direitinho.

Dashiell Hammett (1894-1961) é um dos autores clássicos da literatura norte-americana do século XX. Alguns dos seus livros foram por cá publicados há muitos anos na famosa colecção "Vampiro", e apenas podiam ser encontrados (com sorte!) em alfarrabistas. Mas as edições O Quinto Selo decidiram traduzir e publicar, ao ritmo de um por mês, os únicos cinco romances que Hammett escreveu. A colecção iniciou-se com o "Falcão de Malta", e prosseguiu com "O Homem Sombra" e "A Chave de Cristal". Anunciam-se para breve os dois restantes: "A Maldição dos Dain" e "Colheita Sangrenta". O resto da obra de Hammett é constituído por mais de meia centena de histórias curtas, nem todas recomendáveis em termos literários, que durante a década de 1920 foi publicando - muitas vezes por razões económicas - na revista "Black Mask", de São Francisco. Hammett escreveu os cinco romances em cinco anos, depois disso passou mais trinta a tentar voltar a escrever. O que nunca conseguiu.
"O Homem Sombra" é, provavelmente, o romance de Hammett mais conseguido em termos da caracterização das personagens e da descrição dos ambientes de "glamour" onde decorre a acção: Manhattan, anos 1930. Nick Charles, a personagem principal, fora um detective privado antes de se casar com a sua jovem e rica Nora. Estão ambos em Nova Iorque de férias quando uma mulher aparece morta e o principal suspeito - porque desapareceu na mesma altura - é Clyd Wynant, inventor louco e amante da morte, e que em tempos fora cliente de Nick. O advogado de Wynant contacta Nick Charles e quer entregar-lhe a investigação. Este vai recusando sucessivas vezes. Também Nora insiste com ele para que aceite o caso. Ele responde-lhe com uma frase que poderíamos dizer "típica de Hammett": "- Além disso, não tenho tempo, estou demasiado ocupado a tentar evitar que percas o dinheiro que me fez casar contigo. - Beijei-a. - Não achas que uma bebida podia ajudar-te a adormecer?"
A escrita de Hammett é realista, a acção progride pelos diálogos, não há espaço para a narrativa de floreados estilísticos, nem para descrições elaboradas que escondem mais do que mostram, tudo é "escrito no osso" e é esta característica o que melhor suporta a história e prende o interesse dos leitores até ao final - que é sempre surpreendente. As personagens são "reais" e falam como "deveriam" falar. Aliás, Hammett chegou a afirmar algures que "conheceu em pessoa todas as personagens" que lhe enchem os livros.
"O Homem Sombra" (o último dos cinco romances a ser escrito) foi na literatura americana um olhar novo sobre os "dias escuros" dos anos 1920 e dos começos da década de 1930. Eram os tempos da Lei Seca, dos "speakeasy", dos gangsters organizados, dos polícias corruptos. A escrita de Hammett forjou uma nova linguagem, uma nova maneira de descrever o mal sem piedade. Ao contrário dos autores de policiais da época - cujas histórias tinham lugar em meios rurais - Hammett trouxe o "cenário" para a cidade, para o centro, para Manhattan e usou a violência para descrever o pesadelo urbano.
À semelhança do que acontece com os detectives em quase todos os romances de Hammett, também o de "A Chave de Cristal", Ned Beaumont, é um bebedor compulsivo de uísque, o que levou alguns biógrafos e críticos a dizerem que todos os detectives "hammettianos" são auto-retratos. "Ned Beaumont tomou banho, vestiu-se e estava a acender um charuto quando o criado lhe trouxe o uísque. Pagou ao rapaz, trouxe um copo da casa de banho e puxou uma cadeira para junto da janela. Sentou-se a fumar, a beber e a olhar para baixo, para o outro lado da rua, até que o telefone tocou." E se a isto juntarmos, pelo menos no caso deste Ned Beaumont, o facto de ser alto e magro e de ter padecido de tubercolose, o retrato fica ainda mais completo. O enredo de "A Chave de Cristal" é um dos mais intrigantes de Hammett. Paul Madvig, alto funcionário da polícia nova-iorquina, tem um desejo: casar com a filha do senador Henry, para deste modo entrar numa família de políticos e iniciar a sua carreira. Mas um filho do senador aparece morto, e Ned Beaumont, amigo de Paul Madvig e com a ajuda deste, decide-se a investigar o caso. É o começo de uma sucessão de surpresas, de um curropio de personagens construídas com poucos traços mas de forma incisiva, e onde a arte da escrita de Hammett mostra todo o seu génio.»

Ípsilon, Público, 25 de Abril de 2008
Crítica:

O Falcão de Malta
Dashiell Hammett

O regresso de um clássico superior deve ser sempre motivo de celebração entusiástica. O Falcão de Malta, uma das obras-primas de Dashiell Hammett, está agora de novo nas livrarias portuguesas, com a chancela O Quinto Selo, décadas depois da Livros do Brasil o ter editado, na icónica colecção Vampiro. Aquando da publicação da obra, em 1930, Hammett era apenas mais um escritor a soldo da revista pulp Black Mask, que publicava histórias negras de crime, violência e sexo. O estilo hardboiled, que ainda hoje define um género de literatura, não era considerado, e as narrativas pareciam estar limitadas ao submundo que exploravam. No entanto, Hammett, e Sam Spade, o detective da história, vieram alterar as coordenadas. Veterano da guerra, ex-investigador e membro do partido comunista americano, Hammett apropriou-se de um modo instrumental do estilo hardboiled, usando-o para retratar, num modo seco e directo que fez escola até hoje, a sociedade americana, cenário privilegiado do mundo capitalista. O que interessava ao escritor era o confronto entre o Poder e a corrupção e o sentido de justiça do indivíduo solitário, que apesar disso não abandona a luta por um mundo melhor, ou, pelo menos, onde as desigualdades e o crime dos poderosos podem ser travados. Spade é o modelo desta luta: aparentemente cínico e amoral, é na verdade uma espécie de justiceiro por conta própria, capaz de resistir a todos os poderes instalados, a começar pela polícia, e de lutar por uma causa que não é capaz de partilhar mas na qual acredita por instinto. É neste contexto que Spade circula, entre uma mulher fatal, Brigid O'Shaughnessy, um ladrão que dá pelo nome de Joel Cairo, Gutman, arquétipo da ganância e da falta de ética, e uma estátua de um falcão. O Falcão de Malta iria transformar-se rapidamente na referência de muitos escritores, a começar por Chandler, e, muitos anos depois, a ser exemplo fundamental da grande novela americana.

José Vegar, Time Out Lisboa, 23 de Abril de 2008